Experimentar e trabalhar num Festival
de cinema internacional foi um dos maiores prazeres que tive no meu ano
sabático. Ver os filmes, participar de bate-papos com realizadores, conhecer
novos usos da tecnologia cinematográfica e ver a arte do cinema em evidência
junto à cidade e seu cotidiano, deram uma grande revigorada nos caminhos dos
meus estudos e pesquisas em live cinema. Esse “degustar” é justamente a
proposta do “Attimo Jornalismo Transmídia”, um estar presente e trocar nas
redes sociais as impressões do vivido e dessa forma expandir a notícia além das
técnicas do jornalismo padrão.
Cinema em 360, experiências novas na narrativa audiovisual
Sydney normalmente é cenário
de grandes filmes, e tem duas salas de cinema entre as mais belas que já vi
pelo mundo, a State Theatre, no Centro da cidade e a Hayden Orpheum Picture Palace,
no bairro de Cremorne. São salas que
mantem o glamour do cinema antigo e dialoga com o moderno, desde suas
cafeterias e a exibição de filmes em digital. Cada detalhe conta a história
desses lugares sagrados para mim, afinal muitos viveram grandes conexões nesses
espaços. Na sala Hayden Orpheum Palace assisti “Julieta”, o novo filme de
Almódovar, o ambiente lembra um pouco o próprio clima de alguns filmes do
diretor, o que deu uma sensação de imersão junto a obra.
State Theatre, o cinema em todo seu ar de grande arte
Sala Hayden Orpheum Palace
O Festival esteve integrado em
muitos momentos com o Vivid Sydney, claro, dois grandes eventos num mesmo
período precisariam conversar. Alguns debates com diretores como Spike Jonse e
o ator Mel Gibson foram realizados em parceria para falar tanto de narrativa
como do uso da tecnologia para contar histórias mais interativas. O centro de
negócios cinematográficos, titulado como The Hub, também aconteceu em conjunto
com o Vivid, dividindo o belo edifício da Town Hall, que por sinal, fica numa
das esquinas mais importantes e frequentadas da cidade.
The Hub, um espaço para negócios e network em cinema
A experiência de ser
voluntário no Festival de Cinema de Sydney foi uma conquista e algo novo,
trouxe novas conexões sobre o fazer cinematográfico, contatos profissionais e
ideias para futuros trabalhos. Experimentar a cidade a partir de suas salas de
cinema e sua troca com obras audiovisuais, abriu novos caminhos para o longa
metragem em cinema de fluxo “Verticidades”. As impressões foram influenciadas
com os momentos de catarse, de presença e rejeição em vários momentos quando
saia de alguns filmes e me deparava com a vida urbana. Essa troca ficou
impregnada e será base de muitas ações futuras sobre o afeto e a sensibilidade
do que é viver as esquinas de um sistema caótico e organizado chamado de
cidade.
Ricci com a maquina de scaner para bilhetes na mão
Para encerrar esse breve relato das impressões
sobre o Festival, não poderia deixar de comentar a experiência de assistir
“Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, um filme brasileiro que traz uma
provocação sobre o tempo, a memória e a especulação imobiliária que não respeita o humano e suas trocas com a cidade. Uma narrativa que nos trás
questões do agora e que precisamos debater para construir futuros possíveis e com melhores convivências. O filme teve uma excelente
recepção do público e como resultado, venceu o Festival. Um fato importante
como incentivo para criar e acreditar ainda mais no cinema brasileiro.
O diretor Kleber Mendonça (blazer preto),
falando sobre o filme antes da sessão.
Antes do início da sessão, observando o corredor e seu convite lúdico
Sala State Theatre, público aguarda
para entrar na sessão do filme "Aquarius"
Entrada da sala State Theatre, o cinema antes do cinema.
Detalhe da entrada da belíssima sala Hayden Orpheum Picture Palace
Caminhos para imergir na sala Hayden Orpheum Picture Palace
A luz como convite para o contemplar, no interior
da sala Hayden Orpheum Picture Palace
Outro ângulo da sala Hayden Orpheum Picture Palace
Hall central com café na sala Hayden Orpheum Picture Palace
Até o EXIT nos convida a permacer na
sala Hayden Orpheum Picture Palace
Por fora a sala não segue a força catártica
do inetrior da Hayden Orpheum Picture Palace
Cinema ao ar livre em troca com o cotidiano urbano